Bolsonaro admite que Câmara deve rejeitar PEC do Voto Impresso

Fonte: CNN Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu que a PEC do Voto Impresso deverá ser derrotada pelo plenário da Câmara dos Deputados nos próximos dias.

Em entrevista nesta segunda-feira (09) à Rádio Brado, de Salvador, o presidente afirmou que o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “apavorou os parlamentares” e que haveriam deputados que “devem à Justiça”.

Presidente atribui possível derrota ao fato de Barroso ter ‘praticamente exigido que o Congresso não aprovasse o voto impresso’

“Ele [Barroso] foi pra dentro do Parlamento fazer reuniões com lideranças, praticamente exigindo que o Congresso não aprovasse o voto impresso”, complementou Bolsonaro. Convidado pelos próprios deputados, Barroso participou em 9 de junho de um debate da comissão geral da Câmara dos Deputados sobre mudanças nas urnas eletrônicas.

Bolsonaro voltou a atacar Barroso: “Tivemos uma negociação e será derrotada a proposta. O ministro Barroso apavorou os parlamentares e tem parlamentar que deve à Justiça, né?”.

“Barroso é um mentiroso, não é a volta do voto em papel. Tem uma urna eletrônica e uma impressora ao lado. No mesmo domingo à noite você tem a apuração pela imprensa e começa a contagem manual dos votos. Não podemos aceitar que servidores em uma sala secreta façam a contagem dos votos”, afirmou.

CNN procurou o ministro Barroso, mas ainda não obteve retorno.

“Queremos voto seguro, apenas isso, mais da metade da população quer”, continuou. “Alguns partidos não querem, e parece que o poder de intimidação do Barroso está fazendo a diferença”.

Como adiantado pela analista de política Renata Agostini, da CNN, Bolsonaro chegou a mencionar que as eleições municipais de 2020 também foram fraudadas e que o sistema “travaria” na hora da contagem para favorecer um candidato. “Eu repito, não precisa investigar o TSE, as informações fornecidas pelo próprio TSE estão bem claras”, disse.

As alegações são similares às feitas pelo presidente em relação às eleições de 2014 e 2018, e já foram desmentidas pelo TSE e por especialistas consultados pela CNN.

Tensões

As ofensivas de Bolsonaro pela aprovação do voto impresso criaram uma tensão entre o presidente, o ministro Barroso e outros ministros do Supremo.

Em resposta ainda no início de julho, após o presidente afirmar pôr em dúvida a realização das eleições no ano que vem, Barroso afirmou que “qualquer atuação” que possa impedir a ocorrência das eleições presidenciais de 2022 viola princípios constitucionais e “configura crime de responsabilidade”.

Além de Barroso, Bolsonaro também investiu contra Alexandre de Moraes, após o ministro do STF ter incluído o presidente como investigado no inquérito das fake news — decisão tomada, segundo Moraes, pela maneira como o presidente disseminava “notícias falsas” sobre a urna eletrônica.

Na última quinta-feira (5), o presidente do STF, Luiz Fux, declarou que Jair Bolsonaro atacava integrantes da Corte e, como resposta, decidiu cancelar a reunião entre os três Poderes, sugerida pelo próprio Fux no início do julho.

Na semana passada, foi a vez de todos os subprocuradores-gerais da República divulgarem um manifesto em defesa da urna eletrônica — algo também feito por todos os ex-ministros do TSE em uma carta conjunta na semana anterior.

Centenas de empresários, políticos, artistas e outros representantes também assinaram na semana passada um manifesto recente em defesa do sistema eleitoral brasileiro.

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