A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o policial reformado acusado de matar um homem em um posto de combustíveis, em Montes Claros. As investigações apontaram que o crime foi motivado após uma discussão por conta de um som alto.
O homicídio foi na madrugada do dia 7 de maio e Wadson Coelho Paulino, de 34 anos, foi atingido com quatro tiros.
“Houve uma discussão entre a vítima e o autor no posto por conta de um som de carro [da vítima] que teria sido ligado. Houve dessa discussão, uma provocação entre os envolvidos que teria sido resolvida momentaneamente. Alguns minutos depois, o autor efetuou diversos disparos contra a vítima e evadiu do local”, explicou o delegado, Bruno Rezende, em entrevista à Inter TV nesta quinta-feira (7).
Segundo o delegado, o policial alegou ter agido em legítima defesa, mas essa hipótese foi descartada no decorrer das investigações.
Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o policial reformado por homicídio duplamente qualificado. Wadson Coelho Paulino, de 34 anos, foi atingido com quatro tiros em um posto de combustíveis no dia 7 de maio.
“Ele narrou que a vítima disse que tinha envolvimento no crime e teria possibilidade de retaliação. O que teria levado temor de que a vítima poderia estar armada. Então, ele alega que queria tentar abordar a vítima, supostamente armada, e efetuou os disparos diante de um movimento brusco feito pela vítima, alegando legítima defesa. As investigações desqualificaram isso desde o início, até pelo número de disparos e também a vítima não portava nenhuma arma”.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o policial efetuou os disparos, conforme noticiou o g1 no dia 9 de maio. Wadson Coelho Paulino estava agachado e tenta correr, mas acaba sendo atingido.
“O laudo de necropsia apontou que ele foi atingido por quatro disparos. Pelo menos dois deles, quando estava sentado. Outros dois disparos o atingiram nas costas quando tentava fugir, descaracterizando, portanto, qualquer possibilidade de que a vítima teria atentado contra a vida do autor ou oferecido risco”, falou o delegado.
O inquérito que apura o caso foi encerrado nesta semana e encaminhado à Justiça. Ainda de acordo com o delegado, o policial foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e pela impossibilidade de defesa da vítima. A Polícia Civil também representou pela conversão da prisão temporária em preventiva.
O mandado de prisão foi cumprido em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, no mês de junho. O Coronel, Gildásio Rômulo Gonçalves, esclareceu que a Polícia Militar atuou em conjunto com a PC e Ministério Público para localização do investigado e foi instaurado um processo administrativo.
“Além do processo criminal, ele também responde a um processo administrativo na Polícia Militar. Esse processo administrativo pode ensejar até a sua demissão da Polícia Militar”.
O advogado de defesa, Evaldo Melgaço de Oliveira, foi procurado pela Inter TV e disse que discorda da decisão da Polícia Civil.
“Respeitamos o entendimento da autoridade policial que fez o indiciamento, todavia nós discordamos. Mesmo porque, o inquérito policial já demonstrou que a vítima tinha sim ligação com facção criminosa. Foi presa por tráfico de drogas, por porte ilegal de arma e estava envolvida com outros indivíduos, que tinham inclusive determinado vingança contra a família do militar. Estamos aguardando a localização do aparelho celular que estava sendo usado pela vítima no dia dos fatos para poder elaborar as teses da defesa. Mantemos a serenidade e acreditamos que a Justiça será feita e as circunstâncias da ocorrência do homicídio serão demonstradas no curso da ação penal”.
Em relação às passagens policiais que o advogado mencionou, o delegado confirmou que a vítima realmente tinha passagens pelos crimes de tráfico de drogas, lesão corporal e porte ilegal de arma.
Prisão
No dia do homicídio, o policial fugiu do local e se apresentou dois dias depois acompanhado de um advogado e entregou a arma usada no crime. Como não havia mais flagrante, ele prestou depoimento e foi liberado.
A polícia representou pelo mandado de prisão temporária e o investigado foi localizado em Uberlândia no dia 17 de junho. Ele transitava de carro pelo bairro Ipanema, quando foi abordado pelos policiais e não resistiu à prisão.
O delegado Bruno Rezende informou, nesta quinta, que a arma apresentada pelo militar, como sendo a usada no homicídio, estava irregular.
“A arma que ele entregou estava com numeração suprimida, ou seja, raspada. Então, isso implica no crime de posse ilegal de arma”.
O advogado de defesa negou a irregularidade e alegou que consta o número de identificação no inquérito policial.