Primeiro presidente brasileiro derrotado na tentativa de reeleição, Jair Bolsonaro (PL) se mantém em silêncio mais de doze horas depois da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Palácio do Planalto. Na manhã desta segunda-feira (31), nenhum sinal de discurso em Brasília: no fim da noite de domingo (30), câmeras de TV flagraram o momento em que as luzes do palácio se apagaram sem que o presidente reconhecesse a vitória de Lula nem se dirigisse aos seus apoiadores. Apuração de Edilene Lopes, da Itatiaia, direto de Brasília, aponta que Bolsonaro pode se manifestar a eleitores e aliados apenas depois do feriado de Finados.
Os três filhos de Bolsonaro com cargos políticos, sempre ativos nas redes sociais, também não se manifestaram até agora sobre os resultados das urnas. Lula recebeu 60,3 milhões de votos (50,90%), maior votação da história, enquanto Bolsonaro atingiu 49,10%, ou 58,2 milhões de eleitores. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a vitória do petista às 19h57.
Em discurso na avenida Paulista, Lula comentou o silêncio de Bolsonaro. “Em qualquer lugar do mundo, o presidente derrotado já teria ligado para reconhecer a derrota, mas ele [Bolsonaro] até agora não ligou”. É tradição nas eleições brasileiras, desde a redemocratização, que o candidato derrotado faça uma ligação de cortesia ao eleito.
Líderes internacionais parabenizam Lula
Presidentes, primeiros-ministros e autoridades de diversos países parabenizaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela terceira vitória presidencial no Brasil.
O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, reconheceu o resultado e exaltou o processo eleitoral brasileiro pouco depois da confirmação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “Envio meus parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória em uma eleição livre, justa e digna de confiança. Estou ansioso para que trabalhemos juntos para continuar a cooperação entre nossos dois países nos próximos meses e anos”, divulgou em carta o presidente dos EUA.
“Parabéns, caro Lula, por sua eleição que dá início a um novo capítulo da história do Brasil. Juntos, vamos unir nossas forças para enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre nossos dois países”, escreveu o presidente da França, Emmanuel Macron.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, declarou que a vitória de Lula “abre um novo tempo para a história da América Latina”. “Depois de tantas injustiças que viveste, o povo do Brasil te elegeu e a democracia triunfou”, disse, em referência aos 580 dias em que Lula ficou preso em consequência das condenações do então juiz Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato, eleito senador pelo Paraná.
O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, também parabenizou Lula: “Estamos felizes com a perspectiva de ampliarmos juntos e aprofundarmos ainda mais as relações Brasil-Alemanha.” O ministério do meio ambiente da Noruega felicitou Lula e confirmou que o País vai voltar a aportar recursos no Fundo Amazônia, prática interrompida durante o Governo Bolsonaro.
Líderes dos EUA, da França, Argentina, Rússia, Ucrânia, Reino Unido e de diversos outros países cumprimentam Lula; Bolsonaro e família não se manifestaram desde a terceira vitória do petista
O Kremlin divulgou comunicado do presidente Vladimir Putin reconhecendo a vitória de Lula. “Os resultados da votação confirmaram sua alta autoridade política. Espero que, por meio de esforços conjuntos, asseguremos o desenvolvimento de uma cooperação construtiva russo-brasileira em todas as áreas”. Em guerra com a Rússia, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky escreveu em português no Twitter: “Parabéns a @LulaOficial com vitória nas eleições presidenciais no Brasil. Confio numa colaboração ativa com amigo da Ucrânia de longa data e no reforço da parceria estratégica Ucrânia-Brasil para assegurar democracia, paz, segurança e prosperidade na Ucrânia, no Brasil e no mundo inteiro!”.
Rishi Sunak, recém-eleito primeiro-ministro do Reino Unido, também foi ao Twitter para felicitar Lula. “Parabéns a Lula pela vitória na eleição do Brasil. Espero trabalhar junto nos temas importantes para o Reino Unido e o Brasil, desde o crescimento da economia global até a proteção dos recursos naturais e promoção dos valores democráticos”.