Fonte: G1 Grande Minas
A Polícia Civil concluiu que a morte da mulher grávida, assassinada em Montes Claros em fevereiro deste ano,foi encomendada pelo amante. Danielle Pereira Leite Sampaio, de 32 anos, estava sendo pressionada por ele para abortar e se recusou a fazer o procedimento. O homem de 48 anos e os dois executores do crime, de 24 e 36 anos, foram presos temporariamente.
“O autor ficou transtornado porque a mulher não aceitou abortar e providenciou a execução. Ele temia que a vítima levasse a gravidez em diante e que isso implicasse algum prejuízo na sua vida financeira ou familiar. O homem é casado e a esposa disse que não sabia das traições”, explicou o delegado Bruno Rezende.
Danielle estava grávida de quatro meses e foi morta em frente à casa onde morava, no Bairro Nossa Senhora das Graças.
Mulher de 32 anos foi morta a tiros em fevereiro deste ano em Montes Claros, no Norte de Minas; os dois executores do crime também foram presos.
“Ela foi abordada quando saía para trabalhar em uma padaria às 5h e os autores atiraram. Durante as investigações, ficou comprovado que na véspera e após o crime, o mandante fez contato por pelo menos 20 vezes com um dos executores. As interceptações telefônicas mostraram contato atípico entre os três homens, confirmando que houve de fato uma articulação entre eles”, disse o delegado.
Na época do crime, o homem chegou a ser detido, mas foi liberado por falta de provas.“Foi feito um exame residuográfico no dia e não foi encontrado resíduo de pólvora na mão e ele apresentou um álibi de que estaria em casa no momento dos fatos, por isso foi solto”.
Segundo a Polícia Civil, os dois executores têm envolvimento com o tráfico de drogas e homicídio.
“Ficou comprovado que o mandante visitou um deles no presídio por várias vezes em anos anteriores, mostrando a proximidade que ele tinha com esses profissionais do crime”.
“Ele pode me matar, mas eu não tiro esse filho”
Durante as investigações, a Polícia Civil teve acesso a várias mensagens trocadas pela vítima com familiares e amigos. Ela narrava que estava com medo e disse ter sido procurada pelo homem por várias vezes para que cometesse o aborto. Em uma das conversas, a mulher afirmou: “Ele pode me matar, mas eu não tiro esse filho”.
“Ela também teria confidenciado a uma amiga que tomasse conta da filha [que ela tinha de um outro relacionamento], caso viesse a ocorrer alguma coisa, narrando efetivamente que tinha medo que o autor fizesse algo com ela”, conta o delegado.
O homem é cabeleireiro e dono de uma academia onde dá aulas de capoeira. Segundo a PC, a vítima era aluna dele e o relacionamento extraconjugal tinha cerca de 10 anos, e era a segunda vez que Danielle engravidava.
“A outra gravidez tinha sido há dois anos e a vítima foi obrigada a abortar. Nas mensagens, ela narrou arrependimento e por isso decidiu não abortar desta vez porque queria de fato ter o filho”.
Segundo o delegado, o homem já pretendia matar a vítima desde a primeira gravidez.
“Há informações de que se ela recusasse o aborto, esses mesmos suspeitos ou pelo menos um deles providenciaria a morte da vítima, o que de fato infelizmente ocorreu nesse segundo momento”.
Os três homens foram encaminhados ao presídio e devem ser autuados por feminicídio. “Todos negaram participação do crime, mas a partir da prisão temporária, acreditamos que pelo menos um deles possa colaborar com as investigações porque trata de um feminicídio grave”, afirma o delegado.
A Polícia Civil ainda vai ouvir outras testemunhas e o inquérito deve ser concluído em até 10 dias.