Por Antônio Célio
Rei e Bailarino moviam de talento o clássico mineiro
Nas décadas de 70 e 80, o maior clássico dos mineiros era agitado pelas jogadas hábeis de dois craques: Reinaldo Lima e Joãozinho. A genialidade desses atletas arrancava aplausos das arquibancadas do Gigante da Pampulha.
De um lado, o Reinaldo, apelidado de Rei do Galo. Era um jogador fenomenal. Lembro-me de um jogo contra o Cruzeiro, em 1975. Ouvia a transmissão pela antiga Rádio Guarani, de Belo Horizonte.
O narrador Lucélio Gomes deixou de lado o coração cruzeirense e transmitiu com muita emoção um golaço de Reinaldo, que deixou o zagueiro Moraes no chão, antes de enganar o goleiro Raul. E aí surgiu o jargão:…golll do Rei…Rei…Reinaldo.
Coube ao narrador e saudoso Valdir Rodrigues, outro cruzeirense, também da Rádio Guarani, uma narração empolgante de um belíssimo gol marcado por Joãozinho na decisão de 1977 contra o Galo.
O “Bailarino da Toca”, como era batizado o ponteiro do Cruzeiro, arrancou com uma bola do meio campo e ultrapassou o zagueiro Márcio “Paulada” e venceu o meia Toninho Cerezo, antes de empurrar para as redes do goleiro argentino Ortiz.
Valdir Rodrigues, que faleceu no ano passado, não se conteve e se empolgou com o golaço de Joãozinho. Aí surgiu o apelido João Travolta, o “Bailarino da Toca”, uma referência ao dançarino norte americano Jhon Travolta, ator principal do filme “Embalos de Sábado à noite”, com a atriz e cantora Olívia Newton Jhon.
Era muito comum, naqueles idos, os narradores batizarem os atletas geniais. Zico, do Flamengo, por exemplo, era intitulado de “Galinho de Quintino” e Ademir da Guia, do Palmeiras, o “Divino”.
Bons tempos aqueles, em que a bola era tratada com muito carinho.