Depois de meses de enfrentamento com governadores por causa de medidas adotadas no enfrentamento da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou de tom e, nesta quarta-feira (16), disse que, se alguém extrapolou, foi com boa intenção.
Em cerimônia no Palácio do Planalto para o lançamento oficial do plano nacional de imunização contra o coronavírus, Bolsonaro, sem máscara, abraçou o personagem Zé Gotinha e acenou aos governadores.
Bolsonaro mudou de tom e, nesta quarta-feira (16), disse que, se alguém extrapolou, foi com boa intenção
“Se algum de nós extrapolou ou até exagerou, foi no afã de buscar solução”, disse Bolsonaro, após dizer que era uma honra receber os governadores e que existe “união para buscar solução de algo que nos aflige há meses”.
Após uma série de discursos em que criticou prefeitos e governadores que adotaram medidas restritivas de circulação, Bolsonaro disse nesta quarta que todos estão juntos na iminência de apresentar “uma alternativa concreta de nos livrarmos deste mal”.
“Obviamente, momentos difíceis todos nós vivemos. Mas, depois da tempestade, há bonança”, afirmou o presidente.
Bolsonaro também elogiou a atuação de deputados, senadores e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sobre a qual pairaram dúvidas de que ela estaria atuando politicamente por pressão do presidente da República.
“Estamos tratando de vidas. Temos uma agência nacional de vigilância sanitária que sempre foi referência para todos nós, que continua tendo uma participação fundamental na decisão de qual vacina deve ser apresentada de forma gratuita e voluntária para todos os brasileiros”, disse Bolsonaro.
O presidente afirmou também que, até o final desta semana, assinará a medida provisória que vai liberar R$ 20 bilhões para a compra de imunizantes.
Em discurso na mesma cerimônia, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que os estados “serão tratados de forma igualitária e proporcional” e que “todos os brasileiros receberão a vacina de forma grátis, igualitária, entregue no posto de vacinação”.
A declaração ocorre no momento em que a guerra política em torno das vacinas pode gerar planos distintos dentro do país.
“O mais importante não é apresentar o plano, mas mostrar que estamos juntos e que estados serão tratados de forma igualitária e proporcional”, disse. “Todas as vacinas produzidas, pelo Butantan ou qualquer indústria, terão prioridade para o SUS.”
Pazuello disse ainda que “não podemos brincar com a saúde da população brasileira” e que o país já tem “estrutura planejada” para a vacinação.
Ele evitou, porém, citar datas para início da vacinação. Em entrevista, afirmou que o plano está em desenvolvimento e que os prazos são condicionados ao registro das vacinas para não se “vender ilusões”.
“Para que essa ansiedade, essa angústia? Somos a referência na América Latina. E estamos trabalhando para prestar contas”, disse.
Assim como Bolsonaro, o ministro também rebateu críticas que recaem sobre a Anvisa. “Não podemos por em dúvida a credibilidade da nossa agência reguladora”, afirmou.