PM é acusada de fraudar BOs para promover a “redução da criminalidade”

Por Felipe Castanheira

Polícia Militar
Crimes estariam sendo distorcidos para maquiar estatísticas
Foto: Ramon Bitencourt / O TEMPO

Um memorando assinado por delegados e agentes da Polícia Civil de Januária, que atende a oito cidades no Norte de Minas, denuncia um esquema em que policiais militares estariam distorcendo a gravidade dos crimes registrados em mais de 500 Boletins de Ocorrência (BOs) para “promover a redução da criminalidade em Minas”. 

Em um dos casos citados, uma ocorrência onde uma criança de 5 anos era abusada sexualmente pelo avô foi tipificada como infração contra a dignidade sexual. Outra ocorrência destacada descreve que o autor estava com a arma voltada para a cabeça da vítima quando fez o disparo, mas o boletim registra o fato como lesão corporal, e não como tentativa de homicídio.

Memorando assinado por delegados e agentes da Polícia Civil de Januária, no Norte de Minas, denuncia um esquema registrado em cerca de 500 Boletins de Ocorrência

O delegado Flávio Cavalcanti é um dos signatários do documento. Ele disse que não poderia falar com a reportagem por estar impedido pela Corregedoria da Polícia Civil. Mesmo assim, ele reafirmou o conteúdo do memorando e disse acreditar que a prática não está restrita apenas à sua região. “Isso pode estar acontecendo em todo o Estado, basta comparar os índices apresentados de criminalidade e o que vemos de fato acontecendo”, disse Cavalcanti.

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), um grupo de trabalho foi criado para apurar a denúncia. As polícias Militar e Civil não haviam se pronunciado até o fechamento desta edição.

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