Está sendo julgado nesta terça-feira (25), um dos acusados de envolvimento no assassinato de uma mulher ocorrido em fevereiro de 2019, em Montes Claros. Danielle Pereira Leite Sampaio, de 32 anos, estava grávida e foi morta a tiros quando saía para o trabalho.
Na época, a Polícia Civil concluiu que o crime foi encomendado pelo amante porque a vítima se recusou a fazer um aborto. Ele e outros dois homens foram presos em novembro de 2019.
Esse é o primeiro julgamento do caso e segundo o Ministério Público, o réu João Wanderson Pereira Silva, de 38 anos, é acusado de ser o intermediário entre o mandante e o executor do crime.
“Ele vai responder por homicídio triplamente qualificado tendo em vista que o crime se deu por motivo torpe já que mataram a vítima em razão da sua negativa de fazer um aborto. O crime se enquadra como feminicídio porque houve razões e condições do sexo feminino e também outra qualificadora relativa ao recurso que dificultou a defesa da vítima, que está relacionado ao fato dela ser surpreendida na porta de casa às 6h quando saía para o seu trabalho. Foi uma ação rápida e ela foi pega de surpresa”, explicou a promotora Thalita da Silva Coelho.
O julgamento começou por volta das 9h no fórum Gonçalves Chaves e o conselho de sentença é formado por sete jurados.
Danielle Pereira Leite Sampaio, de 32 anos, estava grávida e foi morta a tiros quando saía para o trabalho. Segundo o Ministério Público, João Wanderson Pereira Silva, de 38 anos, é acusado de ser o intermediário entre o mandante e o executor do crime.
O advogado de defesa Warlem Freire Barbosa nega envolvimento do réu no crime e disse que “tem provas robustas nos autos de que ele não participou”.
“A acusação até agora não conseguiu delinear qual seria a participação dele. Vamos demonstrar que ele não estava no local, não participou, não arquitetou nada e não tem motivo nenhum para ser acusado desse crime. A acusação sustenta o fato de que ele teria ligado para o verdadeiro autor e na verdade, eles são amigos. Então, a gente reconhece essas ligações como normais de qualquer relação de amizade”, argumentou o advogado.
De acordo com o Ministério Público, o mandante do crime permanece preso e o homem apontado como executor foi solto por falta de provas.
Entenda o caso
Danielle Pereira Leite Sampaio, de 32 anos, foi atingida por dois tiros quando saía de casa, no Bairro Nossa Senhora das Graças, para trabalhar em uma padaria.
Segundo a Polícia Civil, ela estava sendo pressionada para fazer um aborto e a morte foi encomendada pelo amante.
“O autor ficou transtornado porque a mulher não aceitou abortar e providenciou a execução. Ele temia que a vítima levasse a gravidez em diante e que isso implicasse algum prejuízo na sua vida financeira ou familiar. O homem é casado e a esposa disse que não sabia das traições”, explicou o delegado Bruno Rezende em entrevista ao G1 na época do crime.
Durante as investigações, a Polícia Civil teve acesso a várias mensagens trocadas pela vítima com familiares e amigos. Ela narrava que estava com medo e disse ter sido procurada pelo homem por várias vezes para que cometesse o aborto. Em uma das conversas, a mulher afirmou: “Ele pode me matar, mas eu não tiro esse filho”.
O relacionamento extraconjugal tinha cerca de 10 anos e era a segunda vez que Danielle engravidava.
“A outra gravidez tinha sido há dois anos e a vítima foi obrigada a abortar. Nas mensagens, ela narrou arrependimento e por isso decidiu não abortar desta vez porque queria de fato ter o filho”, disse o delegado.