Fonte: G1 Vales de Minas Gerais
Um caso suspeito de raiva humana é investigado em um paciente, de 60 anos, criador de gado em Mantena (MG), no Leste de Minas. O comunicado de risco foi emitido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) de Governador Valadares, que já informou a Secretaria Estadual de Saúde.
Paciente, de 60 anos, é criador de gado em Mantena (MG) e está internado em estado crítico em hospital do Espírito Santo. Os sintomas, de acordo com a família, começaram depois que ele teve contato com um bezerro que apresentava salivação excessiva.
De acordo com o documento, o paciente procurou atendimento médico, no dia 7 de abril, após apresentar confusão mental. Por causa da proximidade do município com o estado capixaba, ele foi levado de Mantena para um hospital em Barra de São Francisco (ES) e na madrugada deste domingo (16), após a evolução do quadro, foi transferido para o CTI de uma unidade hospitalar em Serra (ES). O estado de saúde é considerado crítico.
Segundo o CIEVS-GV, parentes relataram que dias antes de manifestar os sintomas, o paciente teve contato com um bezerro que apresentava um comportamento atípico e excesso de salivação.
“O homem achou que o animal estava engasgado e introduziu as mãos/braço e antebraço em sua cavidade oral, na tentativa de desengasgá-lo. Dias depois, o mesmo apresentou piora do quadro e foi tomada a decisão de sacrificá-lo e incinerá-lo. Tal decisão foi tomada no intuito de evitar possível disseminação de doença a outros animas. Contudo, o homem não aventou a possibilidade de que poderia ser um quadro de raiva animal e deixou de procurar pelos serviços de saúde do município para profilaxia pós-exposição”, detalhou o relatório da CIEVS-GV.
O Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Regional de Saúde de Governador Valadares (SRS-GV) reforçou a importância do comunicado no sentido de informar a população e levantar dados pertinentes sobre a situação, embora o caso ainda seja suspeito e exija a conclusão dos exames laboratoriais.
O órgão não informou o prazo previsto para o resultado do diagnóstico. Disse que segue os passos da nota técnica atualizada sobre o protocolo de profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana no Brasil e alertou para que ações preventivas sejam adotadas pela população:
Medidas de Prevenção e Controle
● Vacine anualmente seus cães/gatos contra a Raiva; |
● Vacine anualmente bovinos, equinos, ovinos, caprinos, contra a Raiva em áreas endêmicas; |
● Procure sempre o serviço de saúde, em caso de agressão por mamíferos; |
● Não deixe seu o animal de estimação solto na rua; |
● Sempre que for levar seu animal para passear, utilize coleira/guia; |
● Informe o comportamento anormal de animais sejam eles agressores ou não; |
● Não tente separar animais que estejam brigando; |
● Evite tocar em animais estranhos, feridos e doentes; |
● Não perturbe animais quando estão se alimentando, bebendo ou dormindo; |
● Notifique a existência de animais não domiciliados nas vizinhanças de seu domicílio; |
● Informe a existência de morcegos de qualquer espécie em horários e locais não habituais (voando durante o dia, caídos no chão); |
● Não entre em grutas ou furnas sem a devida proteção; |
● Não traga para sua casa animais silvestres, comunique aos Órgãos de interesse, caso encontre algum. |
Fonte: Núcleo de Vigilância Epidemiológica (SRS -GV)
Raiva em Minas
Pelo menos quatro mortes por raiva humana foram confirmadas em MG, em 2022. Duas crianças, de 4 e 5 anos, e dois adolescentes, de 12 anos, morreram no Vale do Mucuri, entre abril e maio. Eles eram da etnia Maxacali e viviam na reserva indígena de Pradinho, em Bertópolis. As vítimas procuraram atendimento médico após serem mordidas por morcegos.
Também em abril de 2022, a prefeitura de Governador Valadares registrou um caso de raiva em bovino, após notificação da SES-MG. Tratava-se de uma bezerra de 1 ano e 4 meses que começou a apresentar alguns sintomas neurológicos comuns da doença. Exames laboratoriais confirmaram a contaminação pelo vírus da raiva.
O que é a raiva humana?
Uma doença infecciosa com 99% de taxa de letalidade. A raiva atinge mamíferos, inclusive humanos, e é transmitida pelo contato com a saliva de um animal infectado, por meio de mordidas, lambeduras ou arranhaduras.
A infecção pela raiva humana ocorre após o vírus se multiplicar no local da lesão, assim atingindo o sistema nervoso periférico mais próximo. Uma vez atingido, o vírus continua se replicando até alcançar o sistema nervoso central (composto pela medula e cérebro).
Por fim, o vírus se espalha para demais órgãos do corpo e glândulas salivares, onde continua a replicação e eliminação. Por isso, a salivação é um dos sintomas mais claros da raiva.
O aparecimento dos sintomas ocorre entre 7 e 10 dias depois da infecção. Para prevenção, a vacinação é a melhor opção.
Quais são os sintomas da raiva humana?
Nos seres humanos, os primeiros sintomas, que duram 2 a 4 dias, passam por mal estar, ligeiro aumento de temperatura, falta de apetite, náuseas, dor de garganta, inquietação, formigamento perto do local da lesão, sensibilidade de órgãos e alterações de comportamento.
Os sintomas principais são convulsão, febre baixa, perda de função muscular, dor no corpo, dor nas articulações, agitação e ansiedade.
De acordo com a progressão da doença, surgem arroubos de ansiedade, febre, delírios, espasmos musculares involuntários, principalmente dos músculos da laringe, faringe e língua, quando o infectado vê ou tenta ingerir líquido, apresentando intensa salivação.
Se o desenvolvimento da doença seguir, nos casos mais graves, o indivíduo apresenta alucinações, e os espasmos evoluem para paralisia até o surgimento de coma e morte.
Já os animais ficam mais agressivos e podem morder pessoas, animais e objetos. O bicho também costuma ficar mais solitário, isolado e, no caso dos cães, com latido diferente do habitual. Além disso, o animal recusa alimento e água, tendo dificuldade de engolir.Também fica de boca aberta com muita salivação.
Por fim, nas últimas etapas da doença, o animal fica sem coordenação motora, passa a ter convulsões, apresenta paralisia das patas traseiras, até a evolução com paralisia total e morte.