Fonte: G1 Minas — Belo Horizonte
Karine Rodrigues e o pequeno João Miguel, de 1 e 10 meses, se preparam para o início do tratamento para a amiotrofia muscular espinhal tipo 1 (AME), uma doença degenerativa grave. A confirmação pelo médico foi dada nesta sexta-feira (30).
João Miguel, que tem amiotrofia muscular espinhal (AME), vai receber, em alguns dias, as primeiras três doses da medicação e cada uma delas custou R$ 341 mil; pai está preso em Minas por suspeita de desviar R$ 600 mil de campanha para uso em passeios e luxo.
O pai de João, Mateus Henrique Leroy Alves, de 37 anos, está preso em Minas Gerais por suspeita de desviar parte do dinheiro arrecadado em uma campanha com custos pessoais, como viagens. Ele é investigado por usar parte do dinheiro com relógios, roupas de marca, perfumes caros e passeios. A polícia também o investiga por prostituição.
Campanha para João Miguel havia arrecadado mais de R$ 1 milhão. — Foto: Redes sociais/Reprodução
A campanha para recolher dinheiro para João Miguel comoveu os moradores de Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais, onde a família mora. Em quase um ano, foi arrecadado mais de R$ 1 milhão. Depois da prisão do pai, a campanha foi suspensa e o dinheiro foi bloqueado.
A família conseguiu, na Justiça, uma decisão em caráter liminar para que o estado e União arquem com os custos da medicação. A ação que pediu a compra do medicamento foi feita em novembro de 2018, meses antes da acusação feita contra o pai da criança.
De acordo com a advogada de Karine, Vanêssa Reis, com a liminar foi possível comprar as três primeiras doses, chamadas doses de ataque contra o avanço da doença. Cada uma delas custou R$ 341 mil.
O início do tratamento terá três doses com 14 dias de diferença entre elas. A quarta dose será aplicada 30 dias após a terceira e a partir da quinta dose, a aplicação deve ser feita a cada quatro meses.
Cada aplicação tem que ser feita em um bloco cirúrgico de hospital, com uma punção da região lombar, o que demanda internação da criança.
A advogada ressalta a importância de o estado e a União arcarem com este tratamento, que não é possível ser pago pela família.
João Miguel demanda cuidados especializados e, quando a mãe não está com ele, uma enfermeira fica com a criança. Ele se alimenta por sonda e não anda.
Apesar das dificuldades, a família está aliviada com o início do tratamento de João Miguel.
Prisão do pai
Suspeito de usar dinheiro de doação é apresentado pela Polícia Civil — Foto: Magno Dantas/ TV Globo
Mateus foi preso na Bahia, em 22 de julho deste ano, depois de Karine denunciar o marido à polícia. Ele estava em Salvador e é investigado por usar pelo menos R$ 600 mil do dinheiro arrecadado na campanha com viagens, perfumes caros, relógios e roupas de marca.
Uma reportagem especial do Fantástico revelou que Mateus, segundo gravações telefônicas gravadas pela polícia, pode também estar envolvido em um esquema de agenciamento de garotas de programa.
Segundo o delegado que estava na prisão do suspeito, Mateus estava com porções de maconha. O delegado Daniel Gomes disse que ele alegou ter gastado R$ 300 mil e os outros R$ 300 mil foram usados em uma extorsão que ele estaria sofrendo.
A defesa diz que Mateus reafirmou que ele era vítima de extorsão.
“A história que ele me contou parece que é a mesma que ele já contou para o delegado, que ele foi, na verdade, extorquido, né? [Isso aconteceu] quando ele foi para Belo Horizonte fazer um curso de segurança. Um curso interessante, porque parece que foi a própria irmã que pagou. Ele foi fazer o curso e conheceu uma pessoa que o levou até uma boca de fumo. Nessa boca, ele comprou droga (…) e pensou em fazer uma sociedade com um traficante. Esse traficante, então, talvez não sei se já sabia ou investigou um pouco sobre o Mateus, descobriu sobre a campanha, dos valores da campanha e, em cima disso, começou a extorquir [dinheiro] do Mateus”, disse o advogado Túlio César de Melo Silva.
Mateus Leroy Alves permanece preso no Presídio de Conselheiro Lafaiete.