Oassassinato do ex-presidente do Nacional de Rolândia-PR, José Danilson de Oliveira, de 58 anos, teria motivação passional, e não uma dívida de R$ 7 mil do futebol, como foi divulgado na manhã desta quinta. De acordo com o delegado plantonista da 22ª Sub Divisão de Polícia de Rolândia, Marcos Rubira, que atendeu o caso, o jogador de futebol Vinícius Henrique Corsini, de 20 anos, confessou o crime e afirmou que o fez porque a vítima estaria “flertando” com sua mãe. A informação inicial era de que o clube da Série D do Campeonato Brasileiro devia dinheiro para o ex-jogador. Por enquanto, a investigação não confirmou essa possibilidade.
“O José Danilson teria ‘dado em cima’ da mãe do Vinícius, o que teria despertado nele um sentimento negativo. Ele foi ao mercado comprar carne para fazer um churrasco e comprou também uma faca. Foi então à empresa da vítima, aguardou ela chegar ao carro para ir embora e ali teria efetuado as facadas nas regiões do pescoço e das pernas”, descreveu o delegado.
O assassinato de José Danilson de Oliveira, de 58 anos, teria motivação passional, afirmou o delegado do caso
Corsini tentou fugir, mas foi contido por testemunhas e preso em flagrante. Ele já teve a prisão preventiva pedida pelo delegado Marcos Rubira, que tem dez dias para concluir o inquérito policial. Segundo o delegado, Corsini tem duas passagens pela polícia, sendo uma por roubo e outra por porte de drogas para consumo próprio.
“Serão ouvidas outras pessoas, como a mãe do Vinícius e membros do Nacional para apurar se foi essa a real motivação ou se tem algo mais”, disse. O delegado afirmou ainda que o suspeito disse estar arrependido e que não se lembra de nada em relação ao momento do ataque. O crime ocorreu no fim da tarde de quarta-feira, em frente à empresa de Danilson, no centro de Rolândia-PR. Depois de ser esfaqueado, ele ainda conseguiu correr para dentro da empresa e pedir socorro. Chegou a ser transferido para o Hospital do Coração, na vizinha Londrina, para cirurgia de emergência, mas não resistiu aos ferimentos.
Danilson era uma das figuras mais populares da pequena Rolândia, cidade de 67 mil habitantes, localizada no Norte do Paraná, a 395 km de Curitiba. Além de ter comandando o Nacional Atlético Clube anos anteriores, ele também foi vereador por quatro mandatos e era vice-prefeito da cidade. Danilson se preparava, agora, para tentar voltar à Câmara de Vereadores, onde também foi presidente.
Diretor da Casa, Reginaldo Burhoff conviveu com a vítima durante toda a passagem dela por lá e não lembra de episódios de inimizades nesta época. “Ele sempre foi uma pessoa dedicada, sério em sua conduta. Uma pessoa focada e sempre com um grande círculo de amizades. Nos pegou de surpresa essa situação.”
Sebastião Alves de Lima, irmão de Danilson, contou que a família está arrasada e tentando entender o que aconteceu. “Foi um choque para nós e para a cidade. Ele era uma pessoa querida e era empresário desse rapaz (Corsini) que o matou. Sempre foi uma pessoa correta e não acreditamos nas versões que vêm sendo ditas”, pontuou Sebastião.
Ele conta que os pais se separaram cedo e que, por ser o mais velho dos cinco filhos, Danilson teria assumido o posto de chefe da família. Era também o grande companheiro da mãe, dona Benedita Aparecida de Oliveira Ramos de Lima, de 77 anos. “Onde ele ia, levava ela. A visitava todo dia, comprava as comidas que ela gostava. Agora, a gente vai se apegar a Deus, esperar que a Justiça seja feita e que esse rapaz pague pelo que fez”, desabafou Sebastião.
Segundo ele, Danilson não havia recebido nenhuma ameaça antes do crime. Corsini é filho do ex-atleta Nelinho, que era amigo do ex-presidente do clube e dava aulas de educação física. Conforme pessoas próximas, o ex-dirigente costumava ajudar o jogador tanto na carreira quanto na vida pessoal.
Em janeiro, ele entregou a gestão do clube a um grupo de empresários de São Paulo. Mesmo assim, participava ativamente do dia a dia do time. Segundo o gerente de futebol do Nacional, João Batista da Silva, um dos pedidos do ex-presidente era o de ajudar e ter paciência com Corsini. “Em fevereiro, o Vinícius pediu desligamento do clube, alegando que não estava mais feliz, que não queria mais jogar futebol e que iria arrumar um emprego. Acabamos rescindindo o contrato, mas foi tudo numa boa. Lembro que o Danilson pediu para a gente insistir com ele porque via potencial no Vinícius.” Nas investigações, nenhuma das partes mencionou dívidas do clube com o jogador.
“O pai dele, o Nelinho, era próximo do clube, era quem nos ajudava na logística, com os gandulas”, afirmou João Batista. O Nacional estreia na Série D do Campeonato Brasileiro neste sábado, dia 19, contra a Ferroviária, em Araraquara. A diretoria do clube afirmou que o jogo não será adiado porque Danilson não tinha mais cargo efetivo na equipe e também pela falta de datas, já que o time de Rolândia disputará simultaneamente a Segunda Divisão do Campeonato Paranaense. Em nota, a defesa de Vinicius Henrique Corsini afirmou que “a morte foi uma fatalidade”.
Os advogados informaram ainda que o fato de o inquérito estar ainda na fase inicial impede a defesa de trazer detalhes técnicos. Eles também negam que a motivação do crime teria sido problemas relacionados a contratos, demissão do clube ou outro fator que teria relação com a profissão. José Danilson Alves de Oliveira deixou a mulher Ivone e as filhas Mariana, de 13 anos, e Valentina, de 9.