Foi realizada na manhã desta quinta-feira (20) a Operação “Confraria do Azar”, que investiga organizações criminosas envolvidas com exploração de jogos de azar, corrupção policial e lavagem de dinheiro no Triângulo Mineiro. Ao todo, 61 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva foram cumpridos em Uberlândia, Ituiutaba, Araguari e Goiânia (GO).
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, trata-se de uma megaoperação que envolve os desdobramentos de quatro investigações distintas sobre três organizações criminosas que formavam um “cartel” de jogos de azar na região.
Operação ‘Confraria do Azar’ foi realizada em Uberlândia, Araguari, Ituiutaba e Goiânia (GO). Ao todo, 61 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva foram cumpridos na manhã desta quinta-feira (20).
Ao todo, foram bloqueados R$ 108 milhões em bens de 29 investigados. Entre os alvos, estão dois policiais penais e um militar da reserva. Os nomes não foram divulgados.
“Já temos a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telemático. E agora vamos centrar no cruzamento dessas informações para tentar a responsabilização máxima de todos os envolvidos”, disse à TV Integração o promotor do Gaeco, Thiago Ferraz de Oliveira.
Ainda conforme o promotor, uma pessoa foi presa em flagrante com munições e medicamentos. Mais de 250 agentes públicos participaram da operação, entre representantes do Ministério Público, promotores de Justiça e policiais penais, militares e civis.
‘Lavanderia dos Sonhos’
Entre as investigações que levaram à realização da “Confraria do Azar”, está a quarta fase da Operação “Lavanderia dos Sonhos”, que apura os crimes de uma família especializada na exploração de jogos de azar, como o jogo do bicho, em Uberlândia. Em 2022, as outras três fases da operação foram realizadas e os investigados foram denunciados pelo MPMG.
Porém, no decorrer dos trabalhos, foram descobertos novos elementos que compõem o esquema da organização criminosa, como o desenvolvimento de sistemas informatizados para as apostas ilegais e controle das operações, assim como do fluxo financeiro da atividade.
Para apurar como funciona esse sistema, foram cumpridos nesta quinta mandados de busca e apreensão em três locais da cidade.
Policial participava do esquema
Conforme o Gaeco, as investigações também constataram que a organização criminosa contava com o apoio de pelo menos um policial militar com pagamento de vantagens indevidas. Sobre essa questão, duas novas pessoas são investigadas, dentre elas um militar da reserva.
Em relação a esses dois alvos, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. Também foram bloqueados R$ 36 milhões em bens dos suspeitos.
Outras duas quadrilhas são investigadas
Ainda segundo o Gaeco, além da quadrilha familiar de Uberlândia, mais duas organizações criminosas são investigadas por formarem o cartel composto por uma cúpula de “bicheiros e exploradores de azar”.
Segundo as investigações, o grupo se reunia para ajustar de preços, cotações de apostas e pagamentos de prêmios, divisão territorial das atividades clandestinas, obtenção de informações sigilosas sobre operações policiais e ações para o enfrentamento de criminosos concorrentes.
Uma dessas quadrilhas é alvo da Operação “Trevo do Infortúnio”, que investiga o uso de estruturas de empresas privadas, em especial, construtoras, postos de combustíveis e pátios de recolhimento de veículos para lavar os lucros obtidos com os jogos de azar. Um dos postos investigados fica no Bairro Nossa Senhora Aparecida.
Nessa operação, foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão contra empresários de Uberlândia, Ituiutaba, Araguari e Goiânia (GO). Também foi decretada a indisponibilidade de R$ 36 milhões em bens de 23 investigados.
Operação ‘Águia’
Por fim, a terceira quadrilha investigada é alvo da Operação “Águia”. De acordo com o Gaeco, o chefe dessa organização é parente do grupo investigado na “Lavanderia dos Sonhos” e também lava dinheiro obtido com jogos de azar por meio de empresas de fachada.
As lojas em que as apostas ocorriam ficam na zona norte da cidade e usavam a figura de uma águia nos comprovantes dos jogos. Ao todo, 30 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo que dois policiais penais são alvos.
Quanto a essa quadrilha, também foram bloqueados R$ 36 milhões de seis investigados.