Fonte: G1 Grande Minas
Um menino de três anos, natural de Bocaiuva (MG), morreu após ser picado por um escorpião nesta segunda-feira (9). A criança foi atendida na cidade de origem e precisou ser encaminhada para o Hospital Universitário Clemente Faria (HUCF), em Montes Claros (MG), por conta da gravidade do estado de saúde.
Hospital Universitário registrou 1.792 casos de picadas de escorpião em 2019. — Foto: Fantástico
A assessoria de comunicação do HUCF explicou que o menino faleceu após ter complicações decorrentes da picada do animal peçonhento. O médico infectologista Tiago Soares Fonseca explica que as crianças são mais vulneráveis a esse tipo de situação, porque o veneno fica em maior concentração no organismo delas, já que têm peso menor do que os adultos.
Criança foi picada em Bocaiuva e precisou ser transferida para Montes Claros. Outro menino, de cinco anos, está internado na UTI do Hospital Universitário.
“Inicialmente temos dois órgãos que são mais afetados, o coração e o pulmão. Em uma linguagem simples, o coração fica fraco e não consegue bombear o sangue, é o que chamamos de choque cardiogênico. E o pulmão fica encharcado dos líquidos que compõem o sangue, o que caracteriza um edema agudo”, explica o médico.
Tiago Fonseca destaca que se os dois órgãos não funcionarem, acabam afetando os demais. “O sangue e o oxigênio não são levados aos outros tecidos e órgãos, agravando o quadro do paciente”, completa.
Menino na UTI
Outro menino, de cinco anos, que é de São Francisco (MG) está internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário, ele chegou no domingo (8). A família mora na zona rural do município e o garoto foi picado por dois escorpiões na casa do avô. Os pais dele não estavam no local no momento da picada.
Simão Pedro Gonçalves, pai do menino, conta que ao se preparar para tomar banho, o filho se escondeu atrás da porta e acabou sendo picado no pé. No momento em que davam banho para que ele fosse levado ao hospital da cidade, acabou levando mais uma picada no dedo do mesmo pé.
“Foi um susto enorme, quando a gente chegou ele estava praticamente desacordado, você não sabe o que faz. Agora ele já está mais calmo e obedece quando a gente fala para ficar quieto e que vai passar. O conselho que sempre falo é para ter bastante cuidado com limpeza, com caixas e lugares que tenham umidade “, diz Aline Rodrigues, mãe.
Referência no atendimento
O Hospital Universitário é referência em casos de animais peçonhentos no Norte de Minas Gerais, por isso, recebe pacientes de vários municípios. Somente neste ano, foram feitos 1.792 atendimentos por picadas de escorpião. Em 2018, uma criança de seis anos, natural de Várzea da Palma (MG), morreu. E em 2019, um adolescente de 12, de Porteirinha (MG), faleceu.
O médico infectologista Tiago Fonseca explica que os pacientes são avaliados assim que chegam à unidade de saúde; os adultos são atendidos por clínicos gerais e as crianças por pediatras. Em seguida, é verificada a necessidade do soro antiescorpiônico. Dependendo do quadro, outros especialistas também podem ser chamados. A orientação do médico é que as pessoas picadas por animais peçonhentos sempre procurem por atendimento em uma unidade de saúde.
Cuidados
O médico e coordenador da Clínica Médica do Pronto-Socorro do HUCF, Guilherme Braga Muniz, explica que alguns cuidados podem ser tomados em relação aos ataque de animais peçonhentos.
“Deve-se fazer a profilaxia ou prevenção na residência, como limpar o quintal, não acumular lixo, locais de alta umidade, ambientes escuros ou materiais como telhas, madeiras, pois são ambientes ideais para estes animais”, disse.
Outra dica, de acordo com o médico é, “olhar sempre as roupas e sapatos antes de usar. E em caso de vir a ser atacado, procurar imediatamente o hospital mais próximo ou o HUCF que é referência nestes casos”, finaliza.