Será realizada na tarde desta segunda-feira (27), a partir das 17h, uma audiência preliminar do processo que envolve a morte da escrivã Rafaela Drumond. A policial foi encontrada morta em casa no dia 9 de junho após ter denunciado episódios de assédio na delegacia onde trabalhava em Carandaí, na Zona da Mata mineira.
Aldair Drumond disse que estará presente na sessão e que contratou um perito para contestar a perícia realizada pela corregedoria da Polícia Civil. Policial morreu no início de junho em Antônio Carlos, no Campo das Vertentes.
Em entrevista à TV Integração, o pai de Rafaela disse que estará presente e que contratou um perito para contestar a perícia realizada pela corregedoria da Polícia Civil.
“No meu ponto de vista do pai, não foi uma perícia precisa, profissional. No ponto de vista de pai, entendeu, tendo em vista que ela foi completamente parcial ao inspetor e ao delegado”, disse Aldair Drumond.
Ainda segundo Aldair Drumond, é preciso combater o assédio moral que “parece ser coisa natural na Polícia Civil”.
“O caso da Rafaela não é um caso isolado. Se você analisar bem, de junho para cá foram seis policiais que tiraram a vida, seis. É muita coisa, é um por mês. O assédio mata. Esse caso é um caso muito sério, teria que ter um acompanhamento muito sério e, infelizmente, não deu. Desfechou isso aí”, completou.
Em nota, a Polícia Civil informou que o inquérito foi concluído e enviado à Justiça. Além disso, está em andamento a Sindicância Administrativa, que apura eventual responsabilidade disciplinar dos servidores.
“A PCMG esclarece que eventuais denúncias sobre prática de atos que constituam assédio são imediatamente investigadas pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, por meio de procedimentos disciplinares e criminais. Há, inclusive, uma comissão que atua, especificamente, nas denúncias de assédio moral”, complementou a nota.
A audiência
No fim de outubro, o g1 mostrou que a Justiça acatou o pedido do Ministério Público de Minas Gerais acerca do caso de Rafaela Drumond. Com isso, ficou confirmado o arquivamento do inquérito policial que apurava o investigador Celso Trindade de Andrade.
Com relação ao delegado Itamar Cláudio Netto, que o MP apontou omissão, a Justiça de Carandaí entendeu não ser competente para analisar o caso e o transferiu para o Juizado Especial Criminal, órgão responsável pelas infrações de “menor potencial ofensivo”.
Por se tratar de um crime de “menor potencial ofensivo”, ele não foi denunciado e não se tornará réu. A situação dele será analisada nesta audiência.
Relembre o caso
09/06:
Rafaela Drumond foi encontrada sem vida pelos pais em casa, que fica em um distrito de Antônio Carlos. A escrivã, que tinha 31 anos, era lotada em Carandaí.
12/06:
Polícia Civil abre investigação sobre a morte da policial. Em paralelo à apuração policial, o Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG) informou sobre o recebimento de diversas denúncias de que a vítima vinha sofrendo assédio moral, sexual, além de pressão com a sobrecarga no trabalho.
13/06:
Em entrevista à TV Integração,o pai Aldair Divino Drumond disse que a filha não chegou a contar sobre os assédios.
15/06:
Um vídeo que mostra a escrivã sendo xingada começa a circular nas redes sociais. A perícia, na época, disse que iria investigar.
21/06:
Em áudios enviados a uma amiga em fevereiro deste ano, a escrivã relatou episódios de assédio moral e sexual, perseguição, boicote e até uma tentativa de agressão física.
23/06:
Delegado e investigador de Carandaí são transferidos de unidade.
29/06:
Delegado e investigador que trabalhavam com escrivã prestam depoimento.
18/10:
Ministério Público vê omissão de delegado investigado em caso de escrivã encontrada morta.
24/10:
Justiça acata o pedido do Ministério Público de Minas Gerais acerca do caso. Com isso, ficou confirmado o arquivamento do inquérito policial que apurava o investigador Celso Trindade de Andrade. Com relação ao delegado Itamar Cláudio Netto, que o MP apontou omissão, a Justiça de Carandaí entendeu não ser competente para analisar o caso e o transferiu para o Juizado Especial Criminal, órgão responsável pelas infrações de “menor potencial ofensivo”.