O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (17), a Operação “Segunda Pele”, que apura a prática de crimes de organização criminosa, sonegação tributária e lavagem de capitais, praticados no setor de comércio de couro derivado do abate de animais.
A ação ocorre em Uberaba, Uberlândia, Patrocínio, Prata e Santa Vitória, no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba; em Abaeté e Itaúna, no Centro-Oeste; em Além Paraíba, Carangola e Muriaé, na Zona da Mata; em Campo Belo, no Sul de Minas; em Januária, no Norte do estado; e em Nova Era, no Vale do Aço.
São 47 mandados cumpridos, sendo 13 mandados de prisão preventiva, cujos alvos são empresários, coureiros (atravessadores), contadores e “laranjas” que emprestaram nomes para a abertura de empresas de fachada. Também são cumpridos 34 mandados de busca e apreensão.
Mandados de prisão preventiva, busca e apreensão são cumpridos no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Zona da Mata, Vale do Aço, Sul de Minas, Centro-Oeste e Norte do estado.
Os mandados foram expedidos pelo Juízo da Comarca de Santa Vitória. Participam na operação três promotores de Justiça, 75 servidores públicos da Receita Estadual, dois delegados da Polícia Civil, 32 policiais civis e 70 policiais militares, que contam com o apoio operacional das regionais dos Gaecos de Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas, Ipatinga, Montes Claros, Juiz de Fora e Divinópolis.
“Até agora, detectamos, oficialmente, cerca de 25 empresas jurídicas e mais 13 pessoas físicas ligadas ao esquema. Celulares, notebooks, mídias e documentos foram apreendidos. A partir desse material, o Ministério Público e Receita Estadual vão investigar e apontar os reais criminosos”, afirmou o superintendente regional da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF-MG) em Uberaba, Gustavo Antônio dos Santos.
Operação ‘Segunda Pele’
Cidade | Mandados de prisão | Mandados de busca e apreensão | Total |
Abaeté | – | 01 | 01 |
Além Paraíba | 01 | 01 | 02 |
Campo Belo | – | 01 | 01 |
Carangola | – | 01 | 01 |
Itaúna | – | 02 | 02 |
Januária | – | 01 | 01 |
Muriaé | – | 01 | 01 |
Nova Era | 01 | 13 | 14 |
Patrocínio | 04 | 02 | 06 |
Prata | – | 01 | 01 |
Santa Vitória | 01 | 01 | 02 |
Uberaba | 02 | 02 | 04 |
Uberlândia | 04 | 07 | 11 |
Total | 13 | 34 | 47 |
Investigação
Segundo o Gaeco, a operação é resultado de uma investigação conjunta do Ministério Público e Receita Estadual de Minas Gerais, por meio da Superintendência Regional de Uberaba, que perdura há mais de um ano.
O objetivo é combater um estruturado esquema criminoso de sonegação fiscal operado por uma organização que adquire couro de frigoríficos e abatedouros de animais em Minas Gerais e os vende para outros Estados, utilizando pessoas físicas e jurídicas para o não pagamento do imposto devido.
O esquema criminoso causou um enorme prejuízo para os cofres públicos de Minas Gerais. Contabilizados apenas os últimos cinco anos, o valor supera R$ 62 milhões declarados e poderá ultrapassar R$ 100 milhões após auditoria do Fisco.
Segundo os responsáveis pela investigação, o Estado de Minas Gerais vem sendo lesado há anos por essa organização criminosa, a qual atua na clandestinidade e tem criado estruturas falsas apenas para simular a aparente legalidade das atividades.
Segunda pele
De acordo com o Gaeco, o nome da operação faz referência ao couro, produto principal usado no esquema criminoso voltado à sonegação tributária.
“O homem primitivo somente alcançou e habitou as regiões mais frias do planeta graças ao uso do couro dos animais caçados. Como uma segunda pele, o couro era usado para agasalhar, calçar e proteger do rigor do frio”, afirmou o Gaeco.