Fotos: Agência Routers
Fonte: Cube91.5FM
O papa Francisco, uma voz dos pobres que reformulou a Igreja Católica, morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira (21) de Abril.
A morte do papa foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano.
“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, disse um comunicado do camerlengo.
Farrell continuou: “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.
“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, concluiu a declaração.
Em seguida, o papa recebeu um diagnóstico de pneumonia nos dois pulmões, uma condição que pode inflamar e cicatrizar os órgãos, dificultando a respiração.
O Vaticano descreveu a infecção do papa como “complexa” e explicou que foi causada por dois ou mais microrganismos.
Histórico de saúde
O papa Francisco sofreu diferentes crises de problemas de saúde nos últimos dois anos.
Ele era particularmente propenso a infecções pulmonares após ter desenvolvido pleurisia quando jovem adulto, uma inflamação da membrana que reveste os pulmões. Devido à condição, ele teve parte de um dos órgãos removida.
Em julho de 2021, o papa teve 33 centímetros do seu cólon removidos em uma operação de seis horas que visava tratar uma condição intestinal chamada diverticulite.
Já em 2023, Francisco foi internado em duas ocasiões diferentes.
Em março, o líder da Igreja Católica foi levado ao hospital após reclamar que tinha dificuldade para respirar, e se recuperou rapidamente após receber antibióticos para bronquite.
No mês de junho, o pontífice passou mais nove dias hospitalizado para realizar uma cirurgia abdominal, a segunda na região em um período de dois anos.
O papa também usou uma cadeira de rodas nos últimos anos devido a dores no joelho e nas costas. Durante a internação, ele continuou com fisioterapia para ajudar na mobilidade.
Enquanto esteve no hospital, o pontífice apresentou diferentes quadros de saúde, tendo pioras seguidas de melhoras.
Durante a internação, Francisco sofreu uma “crise respiratória prolongada semelhante à asma” e precisou de transfusões de sangue em decorrência de uma baixa contagem de plaquetas, associada à anemia.
O pontífice também esteve em “estado crítico” enquanto internado e apresentou insuficiência renal inicial leve.
O papa chegou a gravar um áudio para os fiéis agradecendo orações pela melhora da sua saúde.
A mensagem ocorreu após o Vaticano dizer que o pontífice permaneceu estável e não teve nenhum novo episódio de crise respiratória.
Contudo, os médicos denominaram o prognóstico do papa de “reservado”, o que significa que ele ainda não estava fora de perigo.
Os episódios respiratórios de Francisco exigiram que ele usasse ventilação mecânica não invasiva, que envolve colocar uma máscara sobre o rosto para auxiliar na passagem do ar pelos pulmões.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, assumiu o comando da Santa Sé em março de 2013. Ele marcou a história da Igreja Católica como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
Veja a repercussão de vários lideres mundiais falando sobre a morte do Papa Francisco.
O presidente da Argentina, Javier Milei, escreveu em post na rede X que recebeu com “profunda dor” a notícia da morte do papa Francisco. “Apesar de diferenças que hoje parecem menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim. Como Presidente, como argentino e, fundamentalmente, como um homem de fé, despeço-me do Santo Padre e me solidarizo com todos que hoje recebem essa triste notícia.”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prestou condolências ao papa Francisco, em mensagem bem curta divulgada na rede Truth Social. “Descanse em paz, papa Francisco! Que Deus o abençoe e aos que o amavam”, escreveu o republicano.
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que esteve no domingo, 20, com o papa Francisco no Vaticano, também lamentou a morte. “Acabei de saber do falecimento do Papa Francisco. Meu coração está com os milhões de cristãos ao redor do mundo que o amavam. Fiquei feliz por tê-lo visto ontem, embora ele estivesse obviamente muito doente. Mas sempre me lembrarei dele pela homilia que ele fez nos primeiros dias da COVID. Foi realmente muito bonita. Que Deus descanse sua alma.”
Já o presidente da França, Emmanuel Macron, lamentou na mesma rede pelo falecimento do pontífice. “De Buenos Aires a Roma, o Papa Francisco queria que a Igreja levasse alegria e esperança aos mais pobres. Que unisse os seres humanos entre si e com a natureza. Que essa esperança possa ressuscitar perpetuamente além dele.”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou: “Hoje, o mundo lamenta a morte do Papa Francisco. Ele inspirou milhões, muito além da Igreja Católica, com sua humildade e amor tão puro pelos menos favorecidos. Meus pensamentos estão com todos que sentem essa perda profunda. Que encontrem consolo na ideia de que o Papa Francisco”, disse.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, chamou o Papa de “grande pastor”. “A morte do papa nos deixa profundamente tristes, ele foi um grande homem e um grande pastor”, afirmou.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, observou que o Papa Francisco era amado globalmente como um servo fiel dos ensinamentos cristãos, acrescentando que ele era um sábio líder religioso e estadista, um defensor consistente dos valores humanitários e da justiça. “Ao longo dos anos de seu pontificado, ele promoveu ativamente o desenvolvimento do diálogo entre as Igrejas Ortodoxa Russa e Católica Romana, bem como a cooperação construtiva entre a Rússia e a Santa Sé”, disse o líder russo em mensagem. “Tive a oportunidade de me comunicar com este homem notável em muitas ocasiões e guardarei para sempre boas lembranças dele em meu coração”, acrescentou.
O papa e Vance se encontraram por alguns minutos no domingo na Domus Santa Marta “para trocar saudações de Páscoa”.
Ambos se envolveram em uma discussão à distância sobre os planos de deportação de imigrantes em massa do governo Trump. Poucos dias antes de ser hospitalizado em fevereiro, Francisco criticou duramente os planos de deportação do governo Trump, alertando que eles privariam os imigrantes de sua dignidade inerente. Em uma carta aos bispos dos Estados Unidos, o papa também pareceu responder diretamente a Vance por ter afirmado que a doutrina católica justifica tais políticas. Vance reconheceu as críticas de Francisco, mas disse que continuará defendendo suas opiniões. O vice-presidente norte-americano, que se converteu ao catolicismo em 2019, também se encontrou com o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, e o ministro das Relações Exteriores, Arcebispo Paul Gallagher, no domingo.
O presidente do Egito, Abdel Fattah El-Sisi, expressou seu pesar: “O Papa Francisco foi uma voz de paz, amor e compaixão.” As declarações foram divulgadas na plataforma X e no portal Arab News.
O xeque Mohamed bin Zayed, presidente dos Emirados Árabes Unidos destacou o empenho do pontífice em promover valores de convivência e respeito mútuo. “Estendo minhas mais profundas condolências aos católicos de todo o mundo pelo falecimento do Papa Francisco, que dedicou sua vida a promover os princípios da convivência pacífica e da compreensão mútua. Que ele descanse em paz”, afirmou, também pela rede X.
O primeiro-ministro dos Emirados, xeque Mohammed bin Rashid Al-Maktoum, ressaltou a liderança e o impacto humano do papa, reconhecendo seu papel conciliador. Em nota publicada na plataforma, declarou: “Seu legado de humildade e unidade inter-religiosa continuará a inspirar muitas comunidades ao redor do mundo.”
Pelo mesmo canal, o rei Abdullah II da Jordânia também se pronunciou: “Minhas mais profundas condolências aos nossos irmãos e irmãs cristãos ao redor do mundo. O Papa Francisco foi admirado por todos como o Papa do Povo. Ele uniu pessoas, liderando com gentileza, humildade e compaixão. Seu legado viverá em seus bons feitos e ensinamentos.”
No Líbano, o presidente cristão Joseph Aoun lamentou publicamente a partida de Francisco, a quem descreveu como “amigo querido e forte apoiador” de seu país, marcado por uma convivência inter-religiosa complexa. “Nunca esqueceremos seus repetidos apelos para proteger o Líbano e preservar sua identidade e diversidade”, disse Aoun.
Em nota divulgada pela conta oficial da presidência na rede X, classificou a morte do pontífice como “uma perda para toda a humanidade, pois ele foi uma poderosa voz por justiça e paz”, e defensor do “diálogo entre religiões e culturas”.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também prestou homenagem ao papa, conforme noticiado pela agência oficial Wafa. Chamou-o de “amigo fiel do povo palestino” e afirmou: “Hoje, perdemos um amigo fiel do povo palestino e de seus direitos legítimos”. Abbas lembrou ainda que o papa Francisco “reconheceu o Estado Palestino e autorizou o hasteamento da bandeira palestina no Vaticano”.
O Irã, por sua vez, também divulgou condolências oficiais.
Já o presidente de Israel, Isaac Herzog, exaltou as qualidades humanas e espirituais do pontífice: “Um homem de fé profunda e compaixão sem limites.”
Confira a manifestação do presidente Lula:
“A humanidade perde hoje uma voz de respeito e acolhimento ao próximo. O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos.
Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o argentino Jorge Bergoglio buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia. E a compreensão de que somos todos iguais, vivendo em uma mesma casa, o nosso planeta, que precisa urgentemente dos nossos cuidados.
Com sua simplicidade, coragem e empatia, Francisco trouxe ao Vaticano o tema das mudanças climáticas. Criticou vigorosamente os modelos econômicos que levaram a humanidade a produzir tantas injustiças. Mostrou que esse mesmo modelo é que gera desigualdade entre países e pessoas. E sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito.
Nas vezes em que eu e Janja fomos abençoados com a oportunidade de encontrar o Papa Francisco e sermos recebidos por ele com muito carinho, pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará.
Que Deus conforte os que hoje, em todos os lugares do mundo, sofrem a dor dessa enorme perda. Em sua memória e em homenagem à sua obra, decreto luto de sete dias no Brasil.
O Santo Padre se vai, mas suas mensagens seguirão gravadas em nossos corações.”
Lula e o papa Francisco estiveram juntos em junho do ano passado, em uma visita do presidente à Itália, acompanhado da primeira-dama Janja. Em uma reunião bilateral, o argentino e o brasileiro trataram de temas como a paz mundial, combate à fome e desigualdades.