Fonte: Noticia ao Minuto
Em protesto organizado por 15 coletivos da periferia e do movimento negro, manifestantes reivindicaram respostas para a morte de cinco jovens assassinados pela polícia e para a falta de acesso à saúde na zona leste de São Paulo durante a pandemia.
O ato batizado de Vidas Pretas Importam aconteceu em Cidade Tiradentes. Segundo a organização, entre 150 e 200 pessoas participaram do ato, entre eles familiares dos jovens Felipe Santos Miranda, Brayam Ferreira dos Santos e Igor Bernardo dos Santos, assassinados durante a pandemia.
A manicure Ana Paula Bernardo dos Santos, 45, mãe de Igor Bernardo, 17, morto em 18 de março, esteve presente. Segundo ela, o filho foi morto com quatro tiros por ter sido confundido com outro jovem da região que teria roubado uma moto.
Ana acredita que o assassino seja um policial, que não estava fardado no momento do crime. Ela levou o caso à Ouvidoria da Polícia Militar, mas até o momento não sabe se há uma investigação sobre o ocorrido.
“Esse protesto é uma forma de mostrar que muitos jovens têm morrido. Hoje sou eu que choro e amanhã é outra mãe, já vi muitos casos acontecerem e nunca temos uma resposta”, afirma ela, que vive há 30 anos em Cidade Tiradentes.
O ato batizado de Vidas Pretas Importam aconteceu em Cidade Tiradentes
Os manifestantes carregavam cartazes com os nomes dos jovens que foram mortos, além das frases “vidas pretas importam” e “parem de matar os nossos filhos”, entre outras.
Segundo Katiara Oliveira, articuladora da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, que ajudou a organizar a manifestação, fazer o ato dentro dos bairros atingidos por mais violência policial, apesar de não reunir milhares de pessoas como em protestos na Avenida Paulista, faz mais sentido para a comunidade.
“Essas pessoas estão sofrendo e precisam ver o ato de perto, ver que a vizinha está lá com a camiseta do filho dela, que ela pode demonstrar sua solidariedade”, afirma. “As quebradas que têm mais violações de direitos são as que mais têm medo e necessidade de organização para transformar esse medo em revolta.”
A rede criou em abril a campanha Fala Quebrada, com um formulário para enviar denúncias anônimas sobre abusos policiais.
A quantidade de pessoas mortas por policiais militares no estado de São Paulo cresceu 6% em maio deste ano em comparação com 2019, segundo a secretaria de Segurança Pública. Desde janeiro, foram 442 pessoas.
A Polícia Militar foi procurada mas ainda não respondeu à reportagem.