Minas Gerais reverteu a tendência de queda e vive, atualmente, uma tendência de aumento de casos de Covid-19. Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (8), o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, disse que ainda é cedo para dizer se o estado enfrenta o início de uma terceira onda em regiões específicas ou um novo pico relacionado ao Dia das Mães.
A expectativa é mais positiva em relação à vacinação: cerca de 4 milhões de doses são esperadas em junho, o maior número já recebido por Minas Gerais em um mês desde o início da imunização.
Estado reverteu tendência de queda e passou a registrar tendência de aumento de casos da doença. Em torno de 4 milhões de doses de vacina são esperadas em junho.
Segundo Baccheretti, o cenário do estado é heterogêneo – embora a ocupação média dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) esteja na casa dos 80%, em algumas regiões a situação é mais crítica. Na última semana, 51 transferências de pacientes foram realizadas dentro de Minas.
A Região Sul é a mais preocupante no momento. A proximidade com o estado de São Paulo incentiva o turismo no local e contribui para agravar a situação.
“Hoje, a Região Sul de Minas vive o pior momento desde o início da pandemia em relação ao número de casos novos. A Polícia Militar está aumentando o seu efetivo nessas cidades, usando megafones para sensibilizar a população, são várias medidas para que a gente busque frear o vírus”, afirmou o secretário.
Na semana passada, foram implementadas restrições no Sul e em outras quatro macrorregiões (Triângulo do Sul, Oeste, Leste do Sul e Centro-Sul) pelo Minas Consciente. Nesses locais, estão proibidos eventos e atrativos culturais e naturais, além de academias, clubes e salões de beleza.
Por enquanto, a onda roxa não é necessária, mas a adoção da medida não é descartada.
Baccheretti voltou a afirmar que o estado está se preparando para uma possível terceira onda, com a manutenção e implantação de leitos hospitalares, compra de insumos e medicamentos e aquisição de oxigênio.
Vacinação
Em torno de 4 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 são esperadas em Minas Gerais neste mês. Em julho, a expectativa é de que 5 milhões de unidades desembarquem no estado. Em agosto e setembro, o número pode chegar a 7 milhões.
Baccheretti lembrou que “raramente a previsão foi cumprida”, mas, caso o calendário do Ministério da Saúde se concretize, todos os 17 milhões de mineiros com mais de 18 anos devem ser vacinados, pelo menos com a primeira dose, até o final deste ano. Atualmente, são cerca de 5 milhões imunizados.
Depois de concluída a vacinação dos trabalhadores da educação, uma nova deliberação vai determinar que 70% das novas remessas de vacinas sejam destinadas a pessoas sem comorbidades, por ordem decrescente de idade. Os 30% restantes serão voltados para os demais grupos prioritários ainda não contemplados. Na capital, pessoas de 59 a 56 anos estão sendo vacinadas nesta semana.
Outra mudança anunciada pelo secretário é que, a partir de agora, os imunizantes da Pfizer serão entregues a todos os 853 municípios mineiros.
Para contribuir para a aceleração da vacinação, o estado está em tratativas com o consulado russo para a aquisição de doses da Sputnik V. O diálogo foi intensificado após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar, com restrições, o pedido de importação excepcional do imunizante.
“Já estávamos em conversa e, agora, com essa autorização, mesmo uma autorização de 1% apenas das vacinas do lote que poderão ser trazidas, de forma quase que experimental, nos abriu uma esperança de conseguir efetivar essa compra. O governo do estado continua tentando essa alternativa”, disse o secretário.
De acordo com Baccheretti, o estado enviou uma carta de intenção a todos os laboratórios fabricantes de vacinas, mas eles responderam que só vão efetivar as vendas para governos federais.
Em relação ao uso de seringas inadequadas, que pode ter provocado a perda de doses de vacina contra a Covid-19 em municípios mineiros, o secretário afirmou que o estado não recebeu nenhuma queixa formal sobre o problema.
Volta às aulas na rede estadual
Baccheretti voltou a ressaltar o posicionamento favorável do governo às aulas presenciais na rede estadual. Segundo ele, a retomada depende apenas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
“A gente sabe o prejuízo que se dá em relação ao ensino das crianças, vamos demorar anos para recuperar. (A escola) é um ambiente controlado, em que o número de pessoas é controlado, a higiene é feita de forma sistemática e, com a vacinação dos professores e como se sabe que a criança tem o poder de transmissão menor do coronavírus, não vejo outro motivo (para a paralisação das aulas) que não seja a decisão judicial”, disse.
Segundo o secretário, o protocolo do estado foi revisto, com a inclusão de testes rápidos de Covid-19 em caso de suspeita de contaminação.
Aplicativo de vacinação
Até o momento, 172 municípios mineiros aderiram ao aplicativo lançado pelo estado que permite organizar e planejar a vacinação contra a Covid-19. A intenção do governo é que todas as 853 prefeituras adotem a ferramenta.
Por meio da tecnologia, as pessoas conseguem agendar a data e o local para receber a dose. Após a vacinação, os dados são repassados automaticamente para o Ministério da Saúde.