O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quinta-feira (24), durante sua live semanal transmitida pelo Youtube, que “bota a cara no fogo” pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro. A declaração foi dada horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a abertura de uma investigação contra o chefe da pasta por quatro crimes: corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Milton é acusado de manter um gabinete paralelo formado por pastores evangélicos que seriam responsáveis por cobrar propina para direcionar verbas do ministério para prefeituras.
“Eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele”, disse Bolsonaro, ao lado da ministra da Cidadania, Damares Alves.
Ainda de acordo com o presidente, o próprio ministro teria enviado, à Controladoria Geral da União (CGU), em agosto do ano passado, documentos sobre “possíveis irregularidades” no ministério.
“A CGU, por seis meses, investigou o caso e chegou à conclusão de que não tinha participação de nenhum servidor público. No dia 3 de março, agora, encaminhou essas peças para a Polícia Federal. Porquê não tem corrupção no governo? Porque a gente age dessa maneira, a gente está sempre um passo à frente”, disse.
Bolsonaro ainda disse que tem recebido “sugestões” de outros nomes que poderiam substituir Milton Ribeiro à frente do MEC.
Em live, presidente revelou que interlocutores estão pedindo demissão de Milton Ribeiro por caso envolvendo interferência de pastores no MEC
“Tem gente que fica buzinando, pedindo para mandar o Milton embora e que tem um bom nome para botar aí. Mas não bota a cara aí fora para falar quem é”, afirmou.
Investigação
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, autorizou, nesta quinta-feira (24), a abertura de uma investigação contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro. O pedido foi apresentado ontem pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O procurador Augusto Aras pediu à Corte autorização para apurar a influência de pastores evangélicos na liberação de verbas para prefeituras.
A PGR também vai apurar a situação que envolve o prefeito da cidade de Luis Domingues, no Maranhão. Segundo denúncia revelada pelo jornal Estado de São Paulo, um dos pastores que negociava a transferência de recursos federais para a prefeitura, teria pedido 1kg de ouro em troca do repasse que seria usado para obras da educação na cidade. Ao todo, a Procuradoria pediu para apurar suspeitas de quatro crimes: corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.
“A gravidade do quadro descrito é inconteste e não poderia deixar de ser objeto de investigação imediata, aprofundada e elucidativa sobre os fatos e suas consequências, incluídas as penais”, afirmou Cármen Lúcia no documento.
A ministra permitiu a tomada de depoimento do ministro Milton Ribeiro e de mais seis pessoas.