Relação de ministra com miliciano no RJ: entenda os motivos da primeira crise no governo Lula.

Fonte: Radio Itatiaia

As denúncias envolvendo uma suposta ligação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), com milicianos do Rio de Janeiro, criaram a primeira crise do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na quarta-feira (4), vários ministros ligados ao Palácio do Planalto atuaram para minimizar o problema e bancaram, pelo menos por enquanto, a indicação de Daniela. 

“Não tem nada até aqui, nenhuma repercussão ou materialidade concreta que crie algum tipo de desconforto. Se surgirem coisas novas, aí é outra história, mas até o momento não há nada”, afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). 

Eleita deputada federal no ano passado, para seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, Daniela Carneiro é conhecida como Daniela do Waguinho, em referência ao seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro (União Brasil). Ela foi convidada para assumir a pasta do Turismo na última semana do ano, após negociações do partido com a equipe de Lula. 

Nomeada para a pasta do Turismo, Daniela Carneiro é alvo de denúncias logo na primeira semana do novo governo

Parte das acusações tratam de uma denúncia feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, em novembro de 2018, que cita a transferência de um carro para a irmã da ministra como contrapartida por benefícios concedidos a um grupo de empresários. 

Denúncia do MP

Segundo o MP, o empresário Jorge Luiz dos Santos Santana comprou um veículo Corolla e transferiu para a irmã de Daniela, Djelany Mote de Souza Machado. A transferência seria uma contrapartida por contratos firmados com a prefeitura de Belford Roxo. Daniela é citada no caso, mas não é alvo da denúncia. O caso é analisado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 

Outra denúncia que veio à tona após Daniela Carneiro tomar posse no governo Lula é sobre uma foto tirada na campanha de 2018 ao lado do miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura.  O ex-sargento da PM foi chefe do Bonde do Jura, uma milícia acusada de vários assassinatos na Baixada Fluminense. Ele foi condenado a 22 anos de prisão. 

Na época em que tirou a foto com a então candidata a deputada federal, Juracy cumpria regime semiaberto. Ele participava da campanha de Daniela, entregando santinhos ao lado da candidata. Depois, o ex-sargento ganhou uma vaga na prefeitura de Belford Roxo, como diretor do Departamento de Ordem Urbana.  A mulher de Juracy, Giane Prudência, fez campanha para Daniela em 2022. 

Cargos para policiais

Em 2018, Daniela e seu marido Waguinho foram alvos de ação do Ministério Público Eleitoral por suposto abuso de poder político e econômico. A denúncia citou o uso de nomeação em cargos comissionados na prefeitura de Belford Roxo para promover a campanha de Daniela como deputada. A denúncia foi arquivada em agosto de 2019 pelo desembargador Cláudio Brandão de Oliveira, do TRE-RJ, que considerou que o aumento de nomeações na prefeitura não comprovou o uso eleitoral irregular. 

Uma quarta denúncia envolvendo Daniela Carneiro veio à tona durante a campanha de 2022, quando a candidata a deputada federal Sula do Carmo (Avante) afirmou ter sido agredida por apoiadores de Daniela durante um ato de campanha em Belford Roxo. Uma das pessoas filmadas e identificadas em matéria da TV Globo, foi o policial Fábio Sperendio, que atuava como um dos coordenadores da campanha de Daniela. 

A ministra do Turismo foi procurada pela reportagem da Itatiaia para comentar as denúncias.

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