Deputado é investigado após falar que vereadora ‘merecia um tiro na cara’, em Goiânia

Fonte: G1 Goias

O deputado Amauri Ribeiro (PSDB) está sendo investigado pela Polícia Civil após falar que a vereadora Lucíula do Recanto (PSD) “merecia um tiro na cara”. A declaração de Amauri foi feita durante um discurso em defesa à propriedade privada na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (veja vídeo acima).

“Eu fico puto quando vejo uma vereadora invadindo a casa de um cidadão, igual essa vereadora de Goiânia aí, que se diz protetora de animais. Arrebenta um portão da casa de cidadão sem mandado, sem ordem judicial, porque ela não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara. Quem entra dentro do que não é seu, invade o que não é seu, pra mim, não merece nem viver. Eu tenho direito a proteger o que é meu, a minha propriedade”, afirmou o deputado.

No discurso, deputado Amauri Ribeiro faz referência a ação contra maus-tratos a animais que vereadora participou, alegando que ela ‘invadiu’ uma casa. Vereadora diz estar sendo ameaçada.

No discurso, Amauri fez referência a uma ação contra maus-tratos a animais realizada no dia 19 de maio deste ano, em Goiânia. Um vídeo mostra quando a vereadora, acompanhada da Guarda Civil Municipal, encontra cerca de 40 galos e cachorros “mutilados”.

A vereadora, que é defensora da causa animal, disse que estava no local apenas para pegar os bichos encontrados e levá-los ao abrigo, na qual é responsável.

“Crime de maus-tratos não tem nada a ver com legalidade da criação de galos. Foi constatado sim pelas autoridades presentes [maus-tratos]. Eles me chamaram apenas para eu poder pegar a tutela dos animais”, disse a vereadora.

Lucíula do Recanto disse à polícia que, após o discurso do deputado, passou a receber ameaças pelas redes sociais. Ela desabafou sobre o caso ao sair da delegacia.

“Um deputado estadual usar a sua tribuna, que é um local para ele debater, discutir e ajudar a comunidade. Ele subiu nessa tribuna para usar o crime de apologia, com o crime de homicídio contra uma parlamentar, uma mulher e uma defensora da causa animal em Goiás”, disse a vereadora.

Vereadora Lucíula do Recando denunciou o caso à Polícia Civil, em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Vereadora Lucíula do Recando denunciou o caso à Polícia Civil, em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Quebra de decoro

O presidente da Comissão de Ética da Alego, Gustavo Sebba (PSDB), disse que o conselho da casa vai analisar se houve quebra de decoro parlamentar em relação à fala de Amauri Ribeiro em plenário.

“Foram falas completamente desnecessárias. É evidente que o deputado gosta de imunidade parlamentar, assim como a vereadora, mas isso não lhe dar o direito de ameaçar uma parlamentar”, disse o presidente.

Sebba disse que vai entrar com uma representação e que a Mesa Diretora vai ter 15 dias para analisar e acatar ou não e mais 15 dias para analisar a defesa do deputado.

Em nota, a Câmara de Vereadores de Goiânia disse lamentar e repudiar as declarações intimidatórias em tom de ameaça do deputado estadual Amauri Ribeiro dirigidas à vereadora. Disse ainda que a Mesa Diretora já determinou à Procuradoria Geral a adoção de medidas legais em defesa do livre direito de atuação dos vereadores.

Deputado diz não se arrepender

O deputado Amauri Ribeiro disse, em entrevista à TV Anhanguera, que não se arrependeu da declaração feita e que não está preocupado com a Comissão de Ética da Assembleia. Ele ainda fez novas acusações sobre a ocorrência em que a vereadora participou.

“A vereadora vai responder na justiça pelo o que ela fez a esse cidadão de bem em seu ato ilegal. Sumiram mais de 50 curiós, as gaiolas, inclusive, orquídeas. Ela vai responder, inclusive, pela prisão de uma menor de 17 anos que saiu de lá algemada”, disse o deputado.

No entanto, a vereadora alegou que as falas do deputado são “mentirosas” e “deturpadas”.

“A menor não saiu de lá algemada em momento nenhum. O deputado pegou as informações, deturpou e mentiu”, disse a vereadora.

A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) informou que, à época, o responsável pelos animais foi autuado pelo crime de maus-tratos e multado em R$ 20 mil.

Assembleia Legislativa — Foto: Carlos Costa/Alego
Assembleia Legislativa — Foto: Carlos Costa/Alego

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